Professores de SP decidem manter greve e invadem evento com Haddad

Paralisação começou em 13 de março; eles pedem aumento de 75,33%. 
Eles queriam encontrar Geraldo Alckmin na faculdade de direito da USP.

Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram, em assembleia na tarde desta sexta-feira (15), manter a greve iniciada em 13 de março deste ano. Eles se concentraram no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e foram até a Sé, no Centro. No início da noite, um grupo de manifestantes invadiu um evento na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, onde acreditavam que estaria o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Eles entraram em uma sala onde ocorria solenidade em comemoração ao centenário de nascimento do professor emérito Goffredo da Silva Telles Júnior. No local, estava o prefeito Fernando Haddad (PT), que saiu do recinto assim que os professores entraram. O Palácio dos Bandeirantes informou que o governador não teve eventos públicos nesta noite.
Os manifestantes impediram discursos durante a solenidade. O professor Flávio Flores da Cunha Bierrenbach foi interrompido, mas reagiu bem ao episódio. "O Largo de São Francisco é um palco habitual de manifestações, então foi bem-vinda, foi muito bom", afirmou. Bierrenbach diz que Goffredo foi seu paraninfo, seu amigo, e lutou contra a ditadura.
Manifestantes chegam à Faculdade de Direito do Largo São Francisco.  (Foto: Roney Domingos/G1)Manifestantes chegam à Faculdade de Direito do Largo São Francisco. (Foto: Roney Domingos/G1)
A Polícia Militar diz que cerca de 1,8 mil professores participaram da manifestação dos professores, que começou na Avenida Paulista à tarde. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) fala em 45 mil manifestantes.
Em assembleia, eles votaram pela continuidade da greve e depois seguiram pelas avenidas Paulista, no sentido Paraíso, Brigadeiro Luís Antônio e 23 de Maio. O trajeto aprovado era que eles passariam em frente ao Tribunal de Justiça e à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, os dois na região da Sé.
Quando chegaram à Praça da Sé e seguiam em direção à sede da Secretaria da Fazenda, um grupo decidiu se dividir e seguir até o Largo São Francisco porque tinham recebido a informação de que o governador estaria em um evento lá, o que não se confirmou.
Os professores chegaram a exibir faixas nas janelas e deixaram o local por volta das 20h30.
Professores exibem faixa em janela da Faculdade de Direito.  (Foto: Roney Domingos/G1)Professores exibem faixa em janela da Faculdade de Direito. (Foto: Roney Domingos/G1)
Greve
Os professores estaduais declararam greve em 13 de março, durante assembleia também realizada na Avenida Paulista. Desde a data inicial, ocorreram nove assembleias que aprovaram a continuidade da paralisação. Os docentes pedem reajuste de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior
A Secretaria da Educação propôs também acabar com os intervalos contratuais dentro um período de três anos – após esse intervalo, serão 180 dias de espera para uma nova atuação.
Atualmente, os professores temporários precisam ficar cerca de um ano fora da rede após um ano de trabalho.
A pasta também propôs ampliar, a partir do ano que vem, o número de professores-coordenadores para todas as 5 mil escolas estaduais e criar uma comissão para receber as informações da Apeoesp sobre eventuais escolas que estariam descumprindo o módulo de aluno por sala de aula.LAS
Professores aprovam continuidade da greve (Foto: Roney Domingos/G1)
Professores aprovam continuidade da greve (Foto: Roney Domingos/G1)
Outro lado
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado disse lamentar que uma das seis entidades que representam o magistério tenha decidido "manter uma greve isolada, que objetiva promover seu calendário de mobilizações políticas e nitidamente contaminada por interesses incompatíveis com o momento econômico atual".
Segundo a pasta, a manutenção da paralisação se dá mesmo após a secretaria ter apresentado cinco propostas em benefício dos professores e garantido a manutenção da política de reajuste salarial, com data-base em julho.
Ainda de acordo com a secretaria, os compromissos, que incluem ainda a extensão de benefícios como uma nova forma de contratação dos temporários e a inclusão destes docentes na rede de atendimento do Hospital do Servidor, foram reforçados e protocolados após a sétima reunião do ano realizada com a Apeoesp.
A nota informa ainda que os dados oficiais mostram que, na ponta, o índice de comparecimento dos professores está em 95%, endossando que a maioria segue comprometida com o direito inquestionável que os alunos têm de aprender.
Professores caminham pela Avenida Paulista em direção à Brigadeiro Luís Antônio, na região central de São Paulo, após aprovarem em assembleia a continuidade da greve que foi declarada em 13 de março (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo)Professores caminham pela Avenida Paulista em direção à Brigadeiro Luís Antônio, na região central de São Paulo, após aprovarem em assembleia a continuidade da greve que foi declarada em 13 de março (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo)
Dissídio e corte de ponto
A Apeoesp entrou com pedido de dissídio coletivo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Mas não houve acordo na audiência de conciliação ocorrida nesta quinta-feira (7). A ação vai ser distribuída para o Órgão Especial do TJ-SP.
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou nesta quarta-feira (13) que o governo estadual pare de registrar faltas injustificadas aos professores em greve e de descontar os dias parados. Em caso de descumprimento, foi fixada multa diária de R$ 10 mil.Os holerites dos professores começaram a chegar na semana passada com desconto. Alckmin chegou a dizer que seria  "prevaricação" se ele pagasse integralmente o salário de quem não teve frequência.
A Procuradoria Geral do Estado disse que ainda não foi notificada, mas antecipou que vai recorrer nesta quinta-feira (14).
A decisão ocorreu em julgamento de Agravo Regimental proposto pela Apeoesp. A decisão derruba liminar proferida no dia 1º de abril, em mandado de segurança, favorável aos descontos. O desembargador Márcio Bartoli afirmou em seu voto que eventual corte de ponto deve estar respaldado por decisão judicial ou ser decorrência de acordo.
“Verossímil, portanto, a alegação do agravante de cerceamento do direito de greve face à determinação unilateral da Administração Pública para desconto dos dias parados dos profissionais que aderiram ao movimento.”
Os advogados do sindicato dos professores protocolaram, no Tribunal de Justiça, pedido para que o pagamento dos dias parados seja imediato.
Professores seguem pela 23 de Maio, sentido Centro. (Foto: Roney Domingos/G1)Professores seguem pela 23 de Maio, sentido Centro. (Foto: Roney Domingos/G1)
Histórico
A batalha judicial entorno do pagamento dos dias parados prossegue em processos paralelos. O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu na sexta-feira (8) uma liminar concedida na quinta-feira anterior que obrigava o governo de São Paulo a pagar os dias parados dos professores estaduais em greve.
Na quarta-feira (13), os professores voltaram a se reunir com representantes do governo estadual. O governo do estado diz que propôs que o projeto para inclusão dos professores temporários na rede de atendimento do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) seja enviado à Assembleia Legislativa em até 30 dias.
A inclusão dos professores temporários na rede de atendimento do Iamspe é uma antiga reivindicação da classe. Em 2013, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vetou projeto de lei que determinava a ampliação.
A Secretaria da Educação propôs também acabar com os intervalos contratuais dentro um período de três anos – após esse intervalo, serão 180 dias de espera para uma nova atuação. Atualmente, os professores temporários precisam ficar cerca de um ano fora da rede após um ano de trabalho.
A pasta também propôs ampliar, a partir do ano que vem, o número de professores-coordenadores para todas as 5 mil escolas estaduais e criar uma comissão para receber as informações da Apeoesp sobre eventuais escolas que estariam descumprindo o módulo de aluno por sala de aula.
Professores chegam ao Tribunal de justiça. (Foto: Roney Domingos/G1)Professores chegam ao Tribunal de justiça (Foto: Roney Domingos/G1)
Proposta e reivindicações
A Secretaria de Estado da Educação afirma ter dado reajuste de 45% no acumulado dos últimos quatro anos e diz que apresentou três propostas em reunião em 23 de abril, entre elas manutenção de uma "política salarial pelos próximos quatro anos com data base em 1º de julho". Entretanto, o governo não deu números nem detalhes de qual seria a proposta de reajuste para o dissídio.
Já os professores reivindicam 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior, além de melhores condições de trabalho. Segundo a categoria, mais de 3 mil salas de aula foram fechadas, o que provoca superlotação das salas de aula restantes.
A garantia de direitos para docentes temporários também está entre as demandas dos grevistas. O sindicato também questiona o pagamento do bônus de R$ 1,6 bilhão a funcionários da Secretaria da Educação do Estado. A quantia é a maior da história, segundo a pasta. No ano passado, foram repassados R$ 700 milhões.
Autor: Roney DomingosFonte: Do G1 São Paulo

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