Black Bazar

    Um livro de Alain Mabanckou

Vivendo em um apartamento simples, mas se vestindo com os melhores ternos, como um dândi africano, o narrador de Black Bazar segue o padrão estético da SAPE - Sociedade de Ambientadores e de Pessoas Elegantes, fundada na favela de Bacongo, na República Democrática do Congo, nos anos 1960, quando o país estava sob comando do ditador Mobutu Sese Seko e era ainda conhecido como Zaire. Os sapeurs usavam ternos de cores fortes e corte meticuloso, destoando do cenário de pobreza e representando uma ofensa ao governo da época.

A jornada de reencontro emocional, narrada por Alain Mabanckou neste romance é enriquecida por personagens memoráveis como Cor de Origem, a ex-namorada que abandona o protagonista para ir viver com Híbrido, um tocador de tam-tam de um grupo pouco conhecido; o Árabe da Esquina, um tipo gentil e politizado e o senhor Hipócrates, que vive ofendendo os africanos que vivem na França. Os personagens de Black Bazar parecem estar em um constante estado de elaboração sobre dois fatos históricos: a colonização francesa em países africanos e a migração de africanos para a França, e justamente, é no mapa das relações entre africanos vivendo na França, no retrato das suas identidades culturais e construções afetivas, na riqueza de citações geográficas, literárias e culturais e na força irônica do texto que Mabanckou nos envolve neste belo e instigante romance.
Título: Black Bazar
Autor: Alain Mabanckou
Editora: Malê
Apoio: Institut Français;
Embaixada da França no Brasil

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