Eleito na Libéria, Weah é simbolo de uma transformação no futebol

Da FOLHA
Por PAULO VINICIUS COELHO

Como jogador de futebol, o liberiano George Weah dividiu duas épocas.

Antes dele, apenas os jogadores nascidos na Europa podiam receber o mais prestigioso prêmio do futebol internacional.

A Bola de Ouro oferecida pela revista “France Football” passou a ser entregue também a jogadores de outros continentes, que jogassem em clubes europeus, a partir de 1995. Weah foi o primeiro ganhador nesse novo formato.

Também é, até hoje, o único africano premiado como melhor jogador de futebol do planeta pela Fifa.

Como esportista, George Weah foi o símbolo de uma transformação. Em 1996, o jogador belga Jean-Marc Bosman ganhou ação e deu a todos os jogadores com passaporte europeu o direito de trabalhar sem fronteiras, como em qualquer outra profissão.

Antes da quebra dos limites, Weah ajudou a democratizar o prêmio de melhor do mundo. Sua missão, agora, será transformar um país castigado pela pobreza.

Weah saiu da Libéria em 1987. Trocou o Invincible Eleven de Monróvia pelo Africa Sports, da Costa do Marfim. Em seguida, Tonnerre Yaoundé, de Camarões, onde foi descoberto pelo atual técnico do Arsenal, da Inglaterra, Arsène Wenger.

Foi Wenger quem o levou para o Mônaco, em 1988. Viveu em Monte Carlo até 1992, quando se transferiu para o Paris Saint-Germain, onde foi campeão francês ao lado dos brasileiros Raí, Valdo e Roberto Carlos, em 1994.

Não foi o maior jogador africano de todos os tempos, apesar de ter sido o único premiado como melhor do mundo. Mais habilidosos, houve os camaroneses Roger Milla e Samuel Eto’o, e o ganês Abedi Pelé.

Mas Weah era um trator. Tinha potência muscular e altíssima velocidade para derrubar zagueiros. Em 1996, foi campeão italiano como centroavante e estrela de uma equipe que também tinha Roberto Baggio. Premiado pela Fifa em 1993, Baggio acabou sendo seu coadjuvante.

Em 1999, jogou como atacante pela esquerda. Já não tinha a mesma força física, mas arrastava zagueiros com sua inteligência para entender o momento certo para a arrancada.

Na época da guerra civil em seu país (1989-1996), quando ainda era craque do Milan, onde jogou de 1995 a 2000, Weah já afirmava que seria presidente da Libéria. Indignava-se com a pobreza e a violência na terra natal.

Em 1996, quando seu contrato com a empresa de material esportivo Diadora, patrocinadora do Milan, encerrava-se, impôs como condição para a renovação o patrocínio também à seleção da Libéria e a doação de material esportivo para a prática do esporte em seu país.

A preocupação social estava presente em cada declaração nos tempos de atleta.

Seu desafio agora é cumprir o discurso na prática, como presidente da mais antiga república da África.

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