AfroTranscendências: Tempo de Cura


    Terceiro programa público da exposição
    AGORA SOMOS TODXS NEGRXS?
    (http://videobrasil.org.br/agorasomostodxsnegrxs)

com
PERFORMANCE MUSICAL “Tecnologia do Transe”, de Mahal Pita
FILME “Tempo de Cura”, de Ana Paula Mathias
DEBATE c/ Diane Lima, Frente 3 de Fevereiro, Lucas Joaquim, Maria Lúcia da Silva, Maurinete Lima e Moisés Patrício

Há uma palavra foragida, um sentido em sequestro: a cura. Em nome de um ideal eugenista, o amor em sua arquitetura expandida transforma-se em desvio, degeneração e transtorno mental. Seu fim é a exclusão e o extermínio.

Neste processo de captura, as palavras como também as imagens se despovoam de nós e seus contornos já não mais significam outra coisa senão a ficção da opressão.

É o caso da tentativa de arrancar o sentido da mensagem do filme Tempo de Cura e que já estava em curso nas AfroTranscendências: a busca pela elaboração de estratégias de defesa e resistência tendo em vista a violência que irradia em torno dxs corpxs racializadxs e dissidentes de gênero, limitando através da opressão e do medo, nossos atos de criação.

Desertar ou resistir?

A dúvida sobre continuar usando ou não este termo que deu nome ao filme Tempo de Cura fruto da última edição do AfroTranscendence 2016 transformou-se também ela, parte da questão. E é nesse contexto que propomos o seu levante: desertar a palavra seria promover a reedição da violência vivida assumindo tanto o seu aprisionamento no sentido do controle social e da intolerância religiosa como também, promovendo a manutenção do silenciamento sobre as questões que tangem os impactos do racismo, da homofobia, do machismo, do sexismo, do neocolonialismo e de toda a naturalização das sistemáticas tentativas de extermínio das nossas potências de vida em nossa saúde.

Pensando nisso, a intervenção “AfroTranscendências – Tempo de Cura”, na exposição #AgoraSomosTodxsNegros?, é uma manifestação não somente para resgate da palavra mas principalmente da palavra-ação. Na retomada para criação desse espaço-tempo, refletiremos sobre os efeitos psicossociais do racismo, trauma colonial, as marcas da nossa constante exposição à luta e como as práticas artísticas em conexão com as nossas memórias ancestrais podem ser caminho para expansão da consciência emocional-espiritual e desobstrução da nossa energia vital.

CURADORA DO PROGRAMA

DIANE LIMA é curadora e diretora criativa. Mestranda em Comunicação e Semiótica na PUC-SP, seus projetos mais recentes incluem a imersão em processos criativos AfroTranscendence; o Festival de Cinema Africano do Vale do Silício e a curadoria da exposição Diálogos Ausentes montadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, ambas iniciativas do Itaú Cultural. Escreve sobre arte e cultura na Revista Bravo!.

CONVIDADXS

LUCAS JOAQUIM, o Bàbálawo Ifálolú Ògúntolúinon | Iniciado no culto de Ògún e na tradição do Ifá. É um jovem Sacerdote nessa tradição e especialista em cura ou seja, é um Onişegún (Médico Tradicional). Suas experiências acadêmicas e profissionais são relacionadas ao seu pré-destino já traçado por seus ancestrais e por seu Orí (cabeça); Farmácia, Homeopatia, plantas medicinais, foram caminhos percorridos até o encontro com seu verdadeiro caminho.

MAHAL PITA | Nascido em Salvador, é produtor musical e diretor criativo. Produz e pesquisa sobre a transfiguração das culturas urbanas da Bahia, conectando-as com as tecnologias e os estímulos contemporâneos da diáspora global. Designer, cria ainda experimentações entre som e imagem pensando as fronteiras entre o sagrado e o profano. Desde 2015 colabora com a BAIANASYSTEM emprestando o seu olhar na criação de produções autorais, remixes e releituras com artistas como Titica, Bnegão, Ney Matogrosso, Margareth Menezes, Rico Dalasam, entre outros.

MARIA LÚCIA DA SILVA, ativista negra feminista e defensora dos direitos humanos das mulheres desde a década de 1980; brasileira, co-fundadora e Diretora-Presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude. Coordenadora Geral da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es). Formada em Psicologia e Psicanalise é especializada em trabalhos em grupos com recorte de gênero e raça. Fellow da Ashoka.

MAURINETE LIMA | Nasceu em 1942 em Recife. Socióloga, poeta, ativista. Professora aposentada da UFRN. Mestra pela USP e técnica da Sudene. Fundadora da Frente 3 de Fevereiro. Em 2013 ela começou a frequentar saraus, escrever poemas que agora estão reunidos em Sinhá Rosa. Atualmente atua no movimento feminista interseccional. Premiada na FLUPP 2016: terceiro lugar no campeonato nacional de poesia falada e o prêmio Carolina Maria de Jesus, oferecido a mulheres negras que realizam relevantes trabalhos sociais.

MOISÉS PATRÍCIO | Artista visual e arte educador, formado em artes plásticas pela USP. Membro fundador do Coletivo Artístico Dialéticas Sensoriais (CADS). Sua produção aborda paisagens urbanas da periferia das metrópoles e elementos da cultura latina e afro-brasileira. Mostras: 12ª Bienal de Dacar (2016); Museu Afro Brasil (São Paulo, 2014); Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (Rio de Janeiro, 2014). Vive e trabalha em São Paulo.

AFROTRANSCENDENCE

O AfroTranscendence nasceu em 2015 como um programa de imersão em processos criativos para promover a cultura afro-brasileira contemporânea.

Completando em 2017 a sua trilogia experimenta novos formatos, se concretizando também como um conceito e uma prática para criação de um espaço-tempo. Uma prática em constante experimentação na construção de um espaço e um conceito em trânsito para imersão entre os tempos.

O tempo como unidade ligada a revisão histórica, aos traumas coloniais e epistemicídios; a reunião de saberes e tecnologias, ao legado ancestral, a energia vital, ao espiritual, ao pensamento crítico e a produção de conhecimento.

O espaço como os processos de criação e de aprendizado coletivo, de experimentação de metodologias, ritos e passagens para conexão com as memórias; das trocas, dos afetos e encruzilhadas; de expansão da consciência e dos exercícios de imaginação, produção de sentido, rupturas e projeção de futuro.

Sendo assim, as AfroTranscendências podem ser pensadas como um movimento de imersão entre os tempos na busca de conexão com os conhecimentos presentes na memória individual e coletivo com o objetivo de expandir a consciência, desenvolver um pensamento crítico e expressá-los em atos de criação.

A equipe de criação conta ainda com direção executiva de Jaqueline Santiago e imagens de Ana Paula Mathias e Alile Dara Onawale. Agradecemos a Hanayrá Negreiros, Alice Barreto, Alê Gama, Yasmin Thayná, Tarcisio Almeida, Juliana Luna, Nando Cordeiro, Mahal Pita e Daniel Lima.
Exposição de arte

Serviço
Sábado às 14:00 - 18:00
Av. Imperatriz Leopoldina, 1150, 05305-002 São Paulo

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