Manifestação de 1º de maio tem confronto na França

Protestos ocorrem em meio à campanha presidencial que opõe Emmanuel Macron e Marine Le Pen.
Manifestantes e policiais entraram em confronto em protesto de 1º de maio em Paris. Segundo a emissora BFMTV, um grupo de pessoas mascaradas se misturou a um protesto pelo Dia do Trabalho e jogou coquetéis molotov contra policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.

De acordo com a emissora, três agentes de segurança ficaram feridos. A manifestação, liderada por quatro sindicatos atrás de um cartaz com o lema "Contra os retrocessos sociais, caldo de cultivo da extrema-direita", teve que parar em várias ocasiões.

Vários indivíduos, situados diante da manifestação, enfrentaram os policiais com projéteis, às vezes encontrados no lugar, e com coquetéis molotov. Igualmente, vários episódios de destruição mancharam a manifestação.
Policial tenta empurrar um carrinho incendiado que foi lançado contra as forças de segurança em manifestação em Paris (Foto: AFP/Phlippe Lopez)

Desunião
Os sindicatos não conseguiram neste ano repetir a união sindical que promoveram em 2002 para evitar que Jean-Marie Le Pen, então candidato classificado para o segundo turno da eleição presidencial contra o conservador Jacques Chirac, chegasse à presidência.
Nesta segunda-feira marcharam divididos sobre as intenções de voto para bloquear a atual candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que enfrentará nas urnas no dia 7 de maio o centrista Emmanuel Macron.
A segurança foi bastante reforçada nesta segunda de protestos a seis dias do segundo turno das eleições presidenciais. Há 9 mil policiais mobilizados para acompanhar as manifestações.
A polícia divulgou fotos da confusão na manifestação:

Os candidatos continuam com suas campanhas. Em um discurso agressivo, Marine Le Pen convocou os franceses a "bloquear as finanças, a arrogância, o rei dinheiro", acusando seu rival de ser "o candidato do sistema" por ter trabalhado no setor bancário e como ministro do presidente socialista François Hollande.
Antes deste comício, autoridades de seu partido, a Frente Nacional, depositaram flores ao pé de uma estátua de Joana d'Arc em Paris, homenageada por "seu amor à nação" em cada 1º de maio por este partido anti-imigração e anti-UE.

Enquanto isso, Emmanuel Macron, que fará um comício no fim do dia, descerrava uma placa em memória de um jovem marroquino assassinado em Paris por militantes próximos à ultradireita em 1995 à margem de uma concentração política de Jean-Marie Le Pen, pai da candidata da extrema-direita e fundador da Frente Nacional em 1972.
Com a intenção de se situar no campo dos valores que pretende encarnar diante da ultradireita, o centrista de 39 anos acompanhou várias celebrações relacionadas à luta contra o extremismo e a barbárie da Segunda Guerra Mundial.

A margem de diferença entre os dois candidatos diminui. As pesquisas apontam que Macron tem 59% das intenções de voto, contra 41% para Le Pen.
Por todo o país, várias dezenas de milhares de pessoas se manifestaram contra Marine Le Pen, mas também contra o liberalismo de Emmanuel Macron.

No entanto, a união sindical que se formou em 2002 contra o pai da candidata da Frente Nacional, o ultradireitista Jean-Marie Le Pen, no segundo turno, não se repetiu desta vez.
Neste ano, os sindicatos estão divididos em relação aos seus apoios e ao lema para a tradicional marcha do Dia do Trabalhador.

Baguete, em francos
Por um lado, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e o UNSA pediram votos para Macron no segundo turno, que será realizado em 7 de maio.
Junto com a Federação de Associações Geral de Estudantes (FAGE), marcaram um protesto pela manhã no nordeste de Paris para expressar sua rejeição "à visão reacionária e identitária da Frente Nacional".

Do outro lado estão os sindicatos de esquerda, a CGT, a FSU, Solidaires e Força Operária (FO). Os três primeiros apelaram pelo bloqueio ao caminho de Le Pen, mas sem mencionar diretamente Macron. A FO seguiu fiel a sua tendência de manter uma independência diante de outros partidos políticos e se absteve de dar apoios.

Estes quatro sindicatos planejavam marchar juntos a partir das 14h30 (09h30 de Brasília) no tradicional percurso entre a Praça da República e a Praça da Nação, em Paris.
Várias centenas de manifestantes se reuniram paralelamente em Paris "contra o fascismo e o capitalismo", atendendo ao chamado de organizações anarquistas. Uma "marcha negra" contra a extrema-direita também estava marcada para esta segunda-feira.

No dia 1º de maio de 2002, 1,3 milhão de pessoas saíram às ruas de Paris e de toda a França, convocadas pelos sindicatos para "bloquear com o voto Jean-Marie Le Pen" que, com 18% dos votos, foi vencido por Jacques Chirac.

Em um país atingido pela desindustrialização e por um desemprego endêmico de 10%, a candidata da ultradireita, que tenta suavizar a imagem de seu partido, se apresenta como a candidata "do povo e dos trabalhadores".

Se for eleita, "um ano depois, muito provavelmente", os franceses pagarão sua baguete em francos, prometeu seu braço direito, Florian Philippot.

Leia também as ondas de protesto na Turquia e na Grécia

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