O que faria uma mulher quase cinquentona, negra e nordestina, num final de semana em São Paulo?

Luciana

O que faria uma mulher quase cinquentona, negra e nordestina, num final de semana em São Paulo? Muitos diriam se ocuparia do cotidiano dos filhos, netos, enfim, da rotina, ou do preparo para o reinício de mais uma semana árdua e pesada em algum trabalho habitualmente destinado as milhares de mulheres negras e nordestinas da capital econômica do país

Mas Luciana Santos, pernambucana que já ocupou cargos como os de prefeita de Olinda, secretária de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, e cumpre seu segundo mandato de deputada federal tinha outros planos para o último domingo: entrar para a história como a primeira mulher presidente nacional de um partido político no Brasil. O fato por si só surpreende, mas acrescente a isso os mais de 93 anos de existência do partido que Luciana agora preside, antes havia sido liderado apenas por homens e da envergadura de: Mauricio Grabois, João Amazonas e Renato Rabelo.

Num momento em que a política e os políticos no Brasil passam por uma crise de descrédito, inclusive pelas amargas medidas que esse congresso conservador tem adotado, a eleição da primeira mulher, negra e nordestina como presidente de um partido político no Brasil o PCdoB, 83 anos depois das mulheres ter adquirido o direito ao voto, mostra que a política brasileira às vezes retrocede, mas por vezes também avança naquilo que a de mais essencial na democracia: a participação e a representação de todas as camadas que compõe o povo brasileiro.
Com as presenças dos governadores de Pernambuco Paulo Câmara, e do Maranhão Flávio Dino, da vice-prefeita da capital Nádia Campeão, e até da Presidente da República Dilma Rousseff, os três dias de conferência nacional do PC do B serviram para confirmar o nome de Luciana Santos a frente do quase centenário partido numa festa onde não faltou emoção. Principalmente por parte de alguns militantes que ali estavam, muitos dos quais lutaram no exílio, foram perseguidos, torturados e perderam amigos no período da ditadura para que esse momento pudesse ser possível. Vida longa para as nossas Lucinas e para a democracia brasileira

Publicado no dia 02/06/2015 no Diário de São Paulo, Portal Geledes e Portal Vermelho
Fonte: Mauricio Pestana via Facebook

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