Hushahu Yawanawá, a primeira mulher Pajé dos Yawanawá


Coluna: Mulheres Poderosas
        A espiritualidade dentro de si
"Minha Identidade é o que está dentro de mim. Estar com um celular na mão não me faz menos índia” - Hushahu Yawanawá

Mãe aos 10 e 12 anos, Hushahu Yawanawá, explica que fazia parte da cultura do seu povo casar ainda adolescente e perguntou-se: Por que eu era mãe de uma criança sendo que eu ainda era criança?”


A partir destas indagações, Hushahu começa uma revolução feminina dentro de si para encontrar as respostas saindo em busca do uní, que conhecemos pelo nome de ayahuasca e só os homens dos Yawanawá podem tomar.

Huashahu percebeu que tudo não passava de uma invenção dos índios para que as mulheres não participassem do ritual dizendo que a bebida poderia matá-las ou enlouquecê-las.

Após alguns pedido de Laura -índia Zapoteca do povo que deixa mulheres participar da espiritualidade, convenceu os patriarcas da tribo – seu pai, Raimundo Luis, e o pajé, Tatá – a deixarem Hushahu participar oficialmente de um ritual de uní, aos 14. “Poder tomar a bebida na frente do meu povo e não precisar me esconder foi a realização de um sonho”, lembra.

Decidida a seguir o caminho da espiritualidade, Hushahu ficou reclusa até os 18 anos, processo inicial para se tornar pajé, antes de entrar na mata e dar início ao ritual de transformação.

Um ano e três meses foi o tempo que passou isolada na mata ao lado de sua irmã Putani, seguindo as orientações de Tatá, sobre as regras sagradas para se tornar pajé, dentre delas estavam: não podia tomar água, comer açúcar, olhar outras pessoas nos olhos e sexo. Vários tipos diferentes de medicina indígena podem ser consumidas diariamente.

Hushahu, conta que foi um tempo muito forte em sua vida chegando a acreditar que não conseguiria perguntando-se muitas vezes pq largou tudo? Os espíritos lhe respondiam: “porque você é uma mulher”, lembra ela. Resistiu aos desafios aprendeu os cantos sagrados e trouxe de volta os desenhos ancestrais restabelecendo a cultura Yawanawá.
Ao retornar para a aldeia, Hushahua iniciou uma nova fase para as mulheres Yawanawá, no ano de 2000, o empoderamento feminino veio através da primeira mulher cacique do povo a pajé acompanhada de sua irmã Mariazinha, começam a incentivar todas as mulheres da tribo para participarem dos rituais de uní, como também trabalharem com o artesanato, usando miçangas para vender pulseiras, brincos e colares.

A marca Cavalera, apresentou no São Paulo Fashion Week, em 2015; uma coleção étnica com a ajuda dos índios, inclusive trazendo alguns dos indígenas ao evento.

Outra a fortalecer foi a Farm, que trouxe duas coleções os trabalhos das mulheres da tribo em peças pintadas e acessórios artesanais confeccionados por elas.

 “A gente não está mais escondida, tem satélites passando por cima da nossa terra. Temos que usar a tecnologia e as conexões para proteger a floresta. Quanto mais parcerias para combater essa onda de destruição que está no mundo todo, melhor.” explica Hushahu Yawanawá.

Mutum é o nome de sua aldeia, às margens do rio Gregório, no interior do Acre. O povo Yawanawá é dono de um território demarcado de 187 mil hectares na Amazônia legal e, de acordo com dados do Instituto Socioambiental (ISA), reúne 560 pessoas.
Leia a matéria O CAMINHO DA ÍNDIA, na integra Revista GOL
Fonte: Revista GOL
Fotos: Jorge Lepesteur






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